Acho que os sentimentos não devem ser negados. Temos tempo para tudo. A hora da alegria, a hora do aprendizado, a hora da morte e, por que não, a hora da dor. Mas cabe a cada um de nós dar o devido valor a este tempo e saber se deixar conduzir pelos sentimentos e também perceber o momento de sair da sintonia.
Vejo muita gente se deixando levar pelas coisas como se fossem tristes vítimas do destino infeliz. Naturalmente, tristezas e desagrados acontecem na vida de todos nós. Não há uma casa que não tenha enfrentado um momento de morte, desemprego, abando e dor. Porque são situações naturais na vida humana.
O nosso corpo é temporário, as experiências também o são, mas muitas vezes, principalmente na juventude, esquecemos que o tempo passa e não volta mais atrás.
Não são apenas os jovens que sofrem por amor. Já presenciei muita gente madura enfrentando o aprendizado da convivência a dois com grande sofrimento e amargura. Colocando na vida afetiva todas as outras chaves da vida. Criando assim um balaio de sofrimento e amargura.
Já vi pessoas se esquecerem de coisas lindas que já viveram quando levaram um fora amoroso. E vi também gente que se esquece de carinho e amor, possíveis de serem encontrados em outras áreas da vida, porque colocou toda a sua atenção no relacionamento afetivo.
Nesta sintonia, recebi América, uma garota dos seus 26 anos. Bonita, formada em Marketing, com um trabalho promissor, sofria como uma refugiada de guerra sem nenhuma auto-estima. Seus olhos estavam fundos denotando noites sem dormir, os ombros caídos, mal deixavam ver seu porte imponente.
Por que agir assim consigo mesma? Perguntei após a sessão de Vidas Passadas que trouxe exatamente vivências nesta sintonia de sofrimento, abandono e dor.
“Minha vida não dá certo. Sofro demais por amor”, disse ela ainda se lamentando.
“América, você quer continuar sofrendo ou está pronta para sair do sofrimento?”
Perguntei num tom firme, quase desafiador. Porque minha vontade era trazer essa moça de novo à tona. Ela estava tão envolvida no seu sofrimento que parecia mergulhada no escuro.
“Não sei se entendi o que você me perguntou”, disse ela parecendo que estava ganhando um tempo para raciocinar.
“Quero saber se você deseja sair dessa dor”, disse explicando minha pergunta.
“Acho que quero, mas não sei como ficar ainda com o Julio, pois ele parece que não quer voltar”, disse ela baixando os olhos, pensando no namorado.
Não estava falando do namorado dela, nem imaginando se de fato ela deveria aceitá-lo de volta porque o moço não estava em questão. O que pesava no nosso encontro era entender porque aquela moça se deixava levar pelo sofrimento sem esboçar uma recusa em continuar por um caminho escuro como esse.
Expliquei para minha cliente que podemos sim escolher como conduzir a nossa vida. Podemos dizer a nós mesmos o que pensar. Podemos definir dentro de nós a importância que daremos às coisas.
De fato, não podemos modificar as escolhas e atitudes das pessoas porque cada um tem seu mundo, mas podemos mudar a forma que agimos a respeito daquilo que nos fazem. Podemos ficar com muita raiva de alguém e fazer uma briga ou podemos deixar as coisas acalmarem e depois com a cabeça fria tomar uma atitude. Podemos e devemos domar nossa natureza inferior.
Não devemos agir com impulsividade pois o impulso é apenas uma força animal que conduz o nosso corpo anímico, mas e a nossa mente? E a nossa capacidade de pensar e discernir?
Precisamos desenvolver a mente e as emoções. Tudo isso ajuda na hora do sofrimento. É possível nos identificarmos muitas vezes com o caso de minha cliente América que se sentia abandonada e triste depois de uma relação que minou sua auto-estima, mas somos capazes de nos levantar e dizer para nós mesmos que não vamos dar espaço para um sofrimento maior sem data de término. Tudo tem um tempo e temos o poder de determinar a finalização de uma experiência.
Por que sofrer tanto assim? Por que se deixar levar pela onda negra do desafeto?
Quando a dor penetra nossa mente e nossos corações devemos voltar a atenção ainda mais para o nosso interior e encontrar a fonte de toda a luz. Deus no coração. É isso que ensino nos meus grupos, atendimentos e livros.
Os Mestres de Luz dizem que podemos aprender com tudo o que a vida nos traz, inclusive o sofrimento.