O homem para sentir-se bem consigo mesmo e ter uma saúde total, tanto orgânica como psíquica, precisa ter um bom desempenho sexual. Atualmente, ele está inseguro, confuso e até mesmo perplexo quanto ao seu desempenho, o que o leva a vários questionamentos, como: o que esperar do sexo; não entende sexo como afeto; confunde o ato de ejacular como sendo sinônimo de orgasmo e, muitas outras questões que o deixam sem resposta.
Não é novidade que, para o adolescente, prazer significa penetrar e ejacular. Para ele não há necessidade de sentir afeto, pois isso pode significar fraqueza.
Sheiva Cherman, em seu livro “Sexo e Afeto escreve que:” muitas vezes, esses valores distorcidos seguem seu curso, podendo cristalizar-se no homem adulto. Nessa idade, a sociedade cobra-lhe a escolha de uma parceira para casar e eventualmente ter filhos “.
O que sabe o homem, mesmo adulto, sobre a sexualidade feminina?
Durante séculos o homem foi condicionado a preocupar-se somente com sua ereção. Tem uma necessidade muito grande de sentir-se viril, aprovado, aceito e precisa ser perfeito quanto à atuação de seu pênis acreditando que ele (pênis) é o único responsável pelo orgasmo feminino.
Sabemos que as cobranças quanto ao desempenho sexual masculino recaem todas no pênis do homem. Essa imagem padronizada que o homem cobra-se, não seria um dos pré-requisitos do “machão latino – americano?” Pergunta Cherman. Quais os ingredientes comportamentais dos homens que detém esse perfil?
É do nosso conhecimento que a cultura e a sociedade valorizam o homem por seu status, pela posição que ocupa no meio em que se relaciona, não se leva em conta a capacidade humana de relacionar-se. Parece que o sucesso social e a busca de reconhecimento pelo status não permite que o homem busque na relação o sexo com o afeto.
Os homens pensam que, num momento de dificuldade profissional ou mesmo ambiental, o orgasmo seria o alívio encontrado para a descarga de suas tensões e que isso o ajudaria a resolver seus problemas. Quando o homem utiliza a relação sexual pensando dessa maneira, nesse caso, o tratamento dedicado ao sexo é puramente uma diversão, tal como um jogo de futebol ou uma boa pescaria.
Pensemos um pouco na influência da mídia que tanto invade com seus temas de conteúdos altamente agressivos, cheios de violência, mortes e chacinas por todos os lados. Mas, quando aparecem cenas na TV de um casal se acariciando, se beijando e se amando, a reação é de escândalo julgando-se o erótico como escandaloso.
E quanto aos programas infantis? Esses apresentam para as crianças, hoje, disputas que geralmente terminam em agressividade explícita. Cherman coloca que “uma das polaridades da agressividade pode ser o amor”.
Há homens que, quando enamorados, vivem ardentemente a paixão, outros conseguem amar profundamente as mulheres desejadas, no que se refere a vínculos afetivos honestos, afetiva e sexualmente, e não os que foram em frente por pura conveniência de um ou de ambos.
O que se pode perceber é que o amor parece ser um sentimento ameaçador, o que faz com que muitos homens fujam, sentindo-se meninos, frágeis, com medo de serem manipulados pela mulher amada. Aí é que a armadura medieval aparece para defendê-lo, dando um número de máscaras para sentimentos natos e nobres que eles imaginam que possam vir a subjugá-los.
Chermam diz, em relação às emoções que:
“Forte é aquele que admite ter partes fracas, assume-as e aprende a administrá-las, elas não mais os surpreenderão”.
Parece muito significativo esse conceito de Cherman, pois dá a oportunidade de viver e desfrutar intensamente o amor com a possibilidade de afastar o sentimento de que, “vincular-se é sinônimo de uma ameaça opressiva”. Pena que ainda encontramos homens impotentes psicologicamente e também que se aprisionam continuando presos em seus próprios códigos arcaicos.
Devemos ressaltar a importância de Freud, Reich e outros teóricos da Psicologia que tanto contribuem com suas obras para acelerar o entendimento, a minimização e a cura de tantos pacientes com conflitos afetivos e com disfunções sexuais.
Este trabalho, em particular, vai tentar discutir as causas psíquicas da impotência masculina (disfunção erétil).
LAÍS NOVAES
(PSICÓLOGA/SEXÓLOGA)