A depressão é uma alteração na afetividade, sendo essa sua característica principal.
_ “Sinto um vazio, uma tristeza tão grande, uma falta de ânimo”. Normalmente, essa é a fala que, em consultório, costumamos encontrar quando estamos atendendo um paciente depressivo. Uma queixa comum nas pessoas depressivas, um vazio sentido no ventre, onde se localiza o sentimento, o centro do corpo, o ponto de equilíbrio desse corpo. Um vazio está indicando uma dificuldade em entrar em contato com o interno, com o movimento vital do corpo.
O depressivo sente como se seu corpo estivesse amortecido. Na verdade, ele controla os sentimentos deslocados para o corpo através da contenção.
Na depressão, a pressão dos sentimentos é muito grande. Os distúrbios, inclusive os que afetam a sexualidade, e os mal-estares físicos ocupam posição de destaque, hoje, nos depressivos. É comum verificarmos preocupações hipocondrias, sentimento de insuficiência, menos valia e sentimentos de fracasso.
O que podemos observar, em consultório, é uma dificuldade muito grande para o depressivo traduzir suas angústias, sensações, seu contato com seu corpo prejudicado. Outra dificuldade que se observa também, é a de lidar com a excitação, visto sua energia estar tão contida que qualquer outra carga seria insuportável.
Na sexualidade, a excitação causa um temor muito grande o que não é raro trazer como conseqüências, a impotência, falta de orgasmo ligados a esta dificuldade em lidar com a excitação.
Ansiedade, dificuldade para respirar, insegurança são, talvez, seus maiores problemas.
O que falta para o depressivo é acreditar em si mesmo, na vida, ter fé no sentido e no significado do que é estar vivo.
Cabe a nós, profissionais da saúde mental, acreditarmos que nosso trabalho só será produtivo na medida em que pensarmos em permeá-lo de amor que seja continente para a dor de nossos pacientes, um amor que alimente o respeito que o depressivo tanto tem carência.
Laís Novaes
(Psicóloga/Sexóloga)